O ano de 2020 tinha tudo para ser especial para a Truvio. Afinal, a startup tinha sido criada no final de 2018 e estava se preparando para seu grande lançamento em março. Em meio ao desenvolvimento da identidade visual da marca e da organização de eventos para atrair potenciais clientes, a healthtech precisou lidar com um contratempo: o início da pandemia da COVID-19.
“Quando você está lançando uma marca, está pensando em criar eventos, em convidar clientes para uma visita”, explica Marcos Ragi. “Mas do dia para a noite todo mundo passou a trabalhar de casa. E enquanto a gente estava buscando lançar a nossa marca, nossos clientes estavam mais preocupados em conseguir instalar o Zoom”, relembra o cofundador da Truvio, que faz parte do ecossistema da Eretz.bio desde outubro do ano passado.
Apesar de os planos do lançamento terem sido afetados, a chegada da COVID-19 e do isolamento social não pegaram a startup de surpresa. Desde o começo de 2020, a empresa já estava monitorando a doença, mantendo contato com amigos e fontes na Europa, que informavam como a situação por lá estava se deteriorando rapidamente.
Neste ponto, agilidade da Truvio foi fundamental para perceber que era hora de pivotar. O principal negócio da startup é uma ferramenta de Inteligência Artificial na qual dados sobre a saúde dos colaboradores das empresas são coletados e avaliados. A partir daí, a Inteligência Artificial indica quais pessoas precisam de cuidado médico. Como resultado, é capaz de diminuir o absenteísmo, aumentar a produtividade e reduzir os custos com planos de saúde.
Foi essa a expertise que a startup aplicou ao criar um novo produto em plena pandemia, chamado de plataforma de continuidade dos negócios. O objetivo era continuar coletando os dados da saúde dos colaboradores, mas dessa vez para garantir que eles poderiam voltar ao trabalho de maneira segura em meio à pandemia. Para isso, preenchiam um questionário antes do expediente no qual, entre outras questões, respondiam se estavam com sintomas da COVID-19 ou se tiveram contato com alguém contaminado.
Do outro lado, as empresas recebiam essas informações e eram capazes de afastar das atividades qualquer caso suspeito. Nos casos mais graves, a equipe médica da Truvio também era capaz de intervir. Além disso, o cliente também tinha acesso a dashboards para monitorar seus funcionários e conferir se as medidas de volta segura ao trabalho estavam fazendo efeito.
“No começo da pandemia, a gente também pensou que as coisas iam voltar ao normal em poucas semanas. Quando vimos que não ia ser assim, percebemos que ia ter essa necessidade de voltar ao trabalho em segurança. Aí a nova plataforma surgiu em cinco dias”, conta Ragi. “Foi a gente ter a ideia da plataforma, criar os formulários de acordo com a legislação, integrar os diferentes sistemas e ligar tudo. Em 15 dias, a gente estava com a primeira versão pronta. Ela vem sendo evoluída a cada dia”, explica.
A Truvio tem colhido bons resultados com sua nova plataforma: conseguiu quatro novos clientes, sendo que alguns de seus antigos parceiros também adquiriram o novo produto.
Mais do que isso, segundo Ragi, nenhuma das empresas registrou mortes causadas pela doença. Além disso, um dos clientes foi aprovado em uma auditoria internacional de boas práticas e dois passaram sem problemas por uma fiscalização do Ministério do Trabalho. “A gente conseguiu manter a saúde sanitária e jurídica das empresas”, diz Ragi.
O futuro da startup Truvio
Se 2020 foi marcado pela necessidade de se adaptar à pandemia, 2021 começou com uma novidade: a aprovação do uso emergencial de vacinas contra à COVID-19 nos brasileiros. E como fica a Truvio e sua plataforma de volta ao trabalho, uma vez que a tendência é o novo coronavírus começar a ser controlado?
“A gente pode fazer pequenas alterações para que ela continue operando. Por exemplo, quais as pessoas que devem ser vacinadas antes? Das que estão na minha plataforma, eu sei quais são as do grupo de risco. Posso orientar as empresas sobre quem pode ser vacinado, gerar os atestados médicos que mostraram que eles são do grupo de risco e que terão atendimento prioritário em algum momento na fila da vacina”, avalia Ragi.
Ao mesmo tempo, a startup quer reforçar seu core business, que deve se tornar ainda mais importante em 2021. Ocorre que neste ano as operadoras de planos de saúde foram liberadas a reajustar seus preços depois de terem sido obrigadas a congelar o aumento em parte do ano passado em função da pandemia.
“Se essa mudança afeta a Truvio, então é positivamente, pois podemos usar nosso software para ajudar as empresas a diminuir os custos. Hoje, são poucas as companhias que sabem como está a saúde dos seus colaboradores. A grande maioria tem um amontoado de dados que não se conversam. Então se uma empresa recebe uma fatura dizendo que o plano de saúde vai aumentar, ela não consegue nem discutir. Com a nossa solução, já tivemos um caso de o cliente conseguir renegociar, e o reajuste para ele foi abaixo da inflação médica”, diz Ragi.
A Truvio hoje conta com cinco pessoas na equipe, além dos três sócios, e está negociando com fundos para um eventual investimento. E desde outubro do ano passado faz parte do ecossistema da Eretz.bio.
Agora que você conhece a Truvio, pode clicar aqui para conferir mais empresas incubadas no ecossistema da Eretz.bio: https://www.eretz.bio/startups/