Quando o assunto é o cuidado do paciente, a boa comunicação entre os médicos é fundamental. Afinal, muitas vezes há mais de um profissional envolvido, que precisa transmitir aos colegas com clareza suas avaliações. E se vídeo e áudio pudessem facilitar esse processo?
É o que está acontecendo no departamento de imagem do Einstein a partir de uma parceria com a startup LAV.
A LAV oferece a possibilidade de o radiologista, enquanto está fazendo o laudo de um exame de imagem, realizar uma gravação de áudio e vídeo para explicar seus achados.
Funciona de uma maneira similar a gravar a tela em um aplicativo como o Zoom ou o Teams. Só que, em vez de o profissional precisar acionar uma dessas ferramentas, o plugin da LAV já está instalado nas estações de trabalho e integrado ao ambiente do Einstein.
Assim, quando o radiologista constata a necessidade de uma explicação mais detalhada a outro profissional – como o médico que solicitou o exame -, aciona o plugin, realiza a gravação e a envia ao colega. Além disso, o aplicativo funciona como uma plataforma de relacionamento médico na qual as informações audiovisuais ficam todas organizadas e arquivadas.
“É uma informação complementar sobre o achado do exame”, explica o Dr. Adriano Tachibana, gerente médico responsável pela qualidade do Diagnóstico por Imagem do Einstein.
“Com esse aplicativo, a gente aproxima o médico que solicitou o exame, que não está no nosso dia a dia, para nosso processo de análise. Ele acaba compreendendo melhor o nosso raciocínio e tem muito mais confiança na nossa avaliação”, acrescenta.
Sem a solução da LAV, a comunicação entre o médico que faz o laudo e o solicitante do exame já existia e costuma ser feita por telefone. Nesse processo, poderia ser desafiador assegurar que ambos os profissionais estivessem observando o mesmo ponto do exame e que todas as palavras e ideias fossem transmitidas corretamente.
Além disso, se outros integrantes da equipe multidisciplinar precisassem ter acesso às percepções do radiologista, a comunicação entre eles seria menos escalável e enfrentaria mais obstáculos.
“Uma das principais vantagens é que, como melhora a comunicação entre os profissionais, as decisões passam a ser tomadas com muito mais conhecimento”, avalia Tachibana.
“Além disso, há a possibilidade de o médico exibir o vídeo ao paciente para explicar de uma forma mais clara o diagnóstico que foi feito ou então o procedimento cirúrgico pelo qual irá passar”, acrescenta.
Fora o planejamento cirúrgico, a solução audiovisual tem sido usada principalmente em casos de ortopedia e exames de cardiologia. Já para o Dr. Gilberto Szarf, gerente médico responsável pela pesquisa e inovação do Diagnóstico por Imagem do Einstein, a ferramenta é especialmente útil em casos mais complexos.
“Nesses, pode ser difícil para o radiologista colocar em palavras algumas impressões que está tendo. Com a LAV, conseguimos apontar o achado imediatamente. Com isso, temos uma melhor comunicação e asseguramos que tanto o médico responsável pelo laudo quanto o solicitante estão vendo a mesma coisa”, diz Szarf.
A parceria entre o Einstein e a LAV
Para que a ferramenta da LAV fosse implementada no Einstein, os especialistas em Diagnóstico por Imagem, assim que conheceram a startup, acionaram a Eretz.bio, que tem uma equipe cujo objetivo é justamente facilitar a incorporação de soluções inovadoras pelas áreas internas do hospital. Trata-se do Escritório de Validação de Novas Tecnologias.
Nesse caso, por se tratar de uma plataforma na qual haveria acesso aos dados dos pacientes — isto é, seus exames de imagem — era necessário que se adequasse à LGPD e também às políticas do Einstein sobre segurança da informação e sigilo e privacidade dos pacientes.
Para isso, foram criados processos específicos e atualizações tanto no ambiente Einstein quanto na solução da LAV. Só quando esses requisitos foram cumpridos que o serviço audiovisual passou a integrar o dia a dia da equipe médica.
“Uma coisa que o Dr. Edson Amaro [head de data science & analytics do Einstein] sempre fala é sobre termos um processo de adoção responsável de uma nova tecnologia”, recorda Szarf.
“Todo o nosso esforço é para servir melhor os nossos pacientes, além dos médicos que encaminham esses pacientes para nossa instituição. Nós só adotamos uma nova tecnologia se houver valor comprovado para os envolvidos no cuidado desse paciente. Não é só a tecnologia pela tecnologia”, complementa.
Desde que a ferramenta foi implementada no Einstein, já foram mais de 1000 laudos audiovisuais emitidos e, levando em conta a facilidade da ferramenta, muitos outros médicos e pacientes também poderão contar com essa inovação.