Espaços de coworking não costumam estar cheios nos fins de semana. Enquanto a maioria das pessoas aproveita esses dias para descansar e desligar um pouco do trabalho, esse foi o momento em que três jovens médicos-empreendedores encontraram para ocupar as salas de reuniões e fazer suas gravações.
Assim que a câmera ligava, em vez de uma call, Alexandre Remor, João Vitor Fernando e Micael Hamra começavam a falar sobre condutas mais apropriadas no atendimento de emergência, avaliação de sangramentos anormais e métodos eficientes de estudo, entre outros temas importantes para quem vai fazer as provas de residência médica das principais instituições de São Paulo.
Os três, que se conheceram justamente durante a residência de Clínica Médica, são cofundadores da Medway, startup que tem como propósito melhorar a qualidade da assistência em saúde no Brasil.
A empresa é graduada do ecossistema da Eretz.bio e acaba de receber R$ 75 milhões de fundos de investimento de Venture Capital. A rodada foi liderada pelo Softbank, com participação de GFC, EquitasVC, Aggir Ventures, Scale-Up Ventures, Neuron Ventures, Allievo Capital e GrãoVC.
A Medway oferece uma experiência educacional completa, com aulas ao vivo, conteúdos comentados e simulados on-line e presenciais. Todos os produtos são oferecidos em plataforma própria e no aplicativo.
Em 2021, mais de 40% dos aprovados nas residências mais concorridas do Brasil, como USP, Unicamp, EPM e Einstein, entre outras, foram estudantes da Medway, que já soma um total de mais de 10 mil alunos em sua base.
Com o aporte recebido, a startup busca o próximo passo em seu crescimento. “A gente quer expandir regionalmente nosso curso preparatório de residência, que hoje está muito focado nas instituições de São Paulo, além de desenvolver outras frentes. O médico faz o preparatório para a residência, mas também para a subespecialização e para a prova de título. E nós queremos estar presentes em todos esses momentos da sua carreira, ser a marca de confiança da sua jornada profissional”, diz Remor, o CEO da Medway.
A trajetória da startup Medway
A jornada da Medway vem sendo um pouco diferente da maior parte das startups que vão pela rota do Venture Capital. Geralmente, esse tipo de empresa levanta rodadas de investimento periodicamente para custear sua operação e seu crescimento acelerado.
Já a edtech fundada por Remor, Vitor e Hamra só tinha recebido um único aporte: uma captação de R$ 3,8 milhões com investidores-anjo em fevereiro de 2020. Desde então, dependia exclusivamente de sua receita.
Dessa forma, quando sentou para negociar com os fundos de VC, a Medway tinha a vantagem de ter um captable (jargão para participação societária) praticamente limpo. Isso contribuiu para receber logo em seu primeiro aporte envolvendo fundos um valor cerca de 5x maior que os cheques feitos a outras startups que estão em momento parecido.
Assim, fica a dúvida. Se a Medway já tinha um crescimento sustentável, por que buscar agora por fundos de investimento?
“Esse dinheiro abre mais possibilidades”, avalia Remor. “Permite pegar planos que eram de longo prazo e trazê-los para o curto prazo, contratar mais gente e investir cada vez mais em tecnologia. Não é uma captação para sobrevivermos. A gente tem uma base muito bem construída, e o mercado está olhando, neste momento, ainda mais para healthtechs e edtechs.”
A Medway na Eretz.bio
Dá até para dizer que a Medway surgiu dentro da área de inovação do Einstein. Em 2018, Alexandre Remor e João Vitor Fernando foram aprovados na residência de administração em saúde do Hospital Albert Einstein. Como parte das aulas, foram colocados em áreas internas da instituição, como financeiro e marketing, para conferir como funcionavam na prática.
Na passagem deles pela inovação, conheceram a Eretz.bio, que serviu de impulso para a Medway. “Como eu ‘já era da casa’, conhecia o pessoal, e a startup estava tracionando, fizemos o pitch e fomos aprovados na incubação”, relembra Remor.
Um dos benefícios para as startups do ecossistema da Eretz.bio é trabalhar no espaço de coworking localizado no bairro da Vila Mariana, em São Paulo. Como o local estava cheio de empreendedores desenvolvendo inovações na área da saúde, era difícil encontrar um momento de silêncio para fazer as gravações dos cursos.
Aí acontecia a história do início deste texto sobre os fundadores da Medway ocuparem as salas de reunião nos fins de semana para fazer as filmagens sem serem interrompidos.
“A gente nunca foi de gastar dinheiro à toa. Demorou para montarmos nosso próprio estúdio. Durante a semana, a gente reservava até a sala do diretor da Eretz para gravar enquanto ele não estava. Mas precisávamos parar às pressas quando ele voltava para alguma reunião”, relembra o CEO da Medway.
“Depois começamos a filmar em quartos hospitalares que estavam vazios no prédio em frente à Eretz. Só em março de 2020 que estreamos nosso estúdio”, completa.
Outra reclamação que Remor e seus sócios costumavam escutar no coworking era que falavam muito alto. Mas nada que atrapalhasse o bom relacionamento com as outras startups. Para o CEO da Medway, uma das grandes vantagens de terem sido incubados na Eretz foi o contato próximo com outros empreendedores que estavam em momento parecido. Até a pausa para o cafézinho se tornava um momento de troca.
Quando a Medway se mudou para a sede própria, contava com por volta de 25 colaboradores. Hoje, já são mais de 240, e há vagas abertas para profissionais de diversas áreas como gestão, educação, produto, tech, marketing e médicos para atuação no time educacional. Ficou interessado? Acesse o link para conferi-las: https://medway.gupy.io/
Aliás, com tanta gente, agora vão precisar de muitas salas de reunião!