Até que ponto os recordes no esporte podem continuar a ser quebrados? Para se ter uma ideia, só em novembro do ano passado, em uma competição mundial de natação, duas novas marcas foram estabelecidas no mesmo dia.
Já em outubro de 2019 pela primeira vez um competidor completou os 42 km da maratona em menos de duas horas. Recordes na maratona costumavam ser raríssimos. Entre 1988 e 1998, ninguém conseguiu superar a marca de 2h06min. Mas nos mesmos dez anos entre 2008 e 2018 o tempo mínimo foi baixado em cinco oportunidades.
Quando recordes são quebrados assim em sequência, reaparece a discussão sobre quais são os limites do corpo humano. Chegará um momento em que as marcas não vão ser mais superadas? O que tem acontecido nos últimos anos é que a inovação e os avanços tecnológicos estão auxiliando os esportistas a redefinir seus limites.
E justamente a inovação no esporte foi o tema do Sports Innovation Day, realizado pela Eretz.bio em dezembro. Durante o evento, os participantes não só debateram como as novas tecnologias estão contribuindo para reescrever os recordes como também discutiram a evolução da medicina esportiva. Afinal, hoje diagnósticos mais precisos, tratamentos inovadores e treinamentos baseados na ciência estão permitindo que os esportistas tenham mais segurança e melhor desempenho em suas atividades.
Abaixo, você pode conferir cinco exemplos de inovação em saúde no esporte, que foram discutidos durante o Sports Innovation Day.
EXAMES MAIS PRECISOS
A termografia é uma tecnologia que permite distinguir diferentes temperaturas em regiões do corpo humano. No esporte, pode ser usada para verificar a resposta muscular à carga de trabalho e tentar prever se um atleta corre o risco de sofrer uma lesão.
Agora, algoritmos e inteligência artificial estão tornando esse exame ainda mais rápido e mais preciso. É o que vem desenvolvendo a Radsquare, startup incubada na Eretz.bio. Chamada de Kelvin, a solução da empresa permite fazer a análise termográfica de forma automatizada, com precisão nos dados coletados e com resultados imediatos
Nesse sentido, poder fazer o exame com maior exatidão e em mais atletas significa reduzir o risco de lesão e a ausência nos campos e nas quadras. E isso mexe com o bolso. É só ver que estudos divulgados pela liga que organiza o campeonato inglês de futebol, a Premier League, já mostraram que o prejuízo em decorrência de lesões dos jogadores equivale a cerca de US$ 230 milhões.
REGISTRO DE DADOS
Os dados obtidos com ferramentas como GPS e chips permitem que haja uma avaliação estatística em tempo real do desempenho dos atletas durante um treinamento ou uma competição. A partir da análise dessas informações é possível aumentar o rendimento deles.
Um exemplo do uso de dados é uma metodologia de treinos chamada Velocity Based Training, que tem ganhado cada vez mais espaço nos últimos cinco anos.
Nessa técnica, aparelhos como sensores e acelerômetros fazem o monitoramento da velocidade de execução dos exercícios e possibilitam estimar com precisão a intensidade da carga de treinamento. Ele substitui o modelo tradicional, em que o atleta fazia uma única repetição com o máximo de força que podia aguentar. Essa maneira, além de levar muito tempo, colocava o esportista em risco de sofrer uma lesão.
FISIOTERAPIA
Aplicativos hoje facilitam o trabalho do fisioterapeuta, automatizando a coleta de informações e a entrega de relatórios personalizados sobre cada um dos pacientes. Assim, o profissional da saúde pode elaborar tratamentos mais eficientes.
A Phast, startup que está incubada na Eretz.bio desde agosto de 2020, desenvolveu um algoritmo que faz uma análise do perfil de risco de lesão dos atletas, além de oferecer conteúdos para que os fisioterapeutas fiquem sempre atualizados.
Já a LinkFit, que também faz parte do ecossistema da Eretz, criou uma plataforma de Inteligência Artificial especializada em atividades físicas virtuais. Essa solução oferece acompanhamento de exercícios à distância, usando apenas uma câmera simples e conexão à internet, e pode fazer a correção dos movimentos em tempo real.
CHUTEIRAS
Na década de 1970, foi desenvolvida uma chuteira de couro de canguru com solado de poliuretano que pesava somente 270 gramas e era mais leve e confortável que o antigo modelo antigo, feito de couro de vaca e sebo. Esse novo calçado contribuía para melhorar o desempenho do jogador no campo. Resultado: se tornou a chuteira mais vendida da história.
Hoje vivemos na era da personalização, com muitos atletas tendo modelos desenvolvidos especificamente para seus pés.
CICLISMO
Novas tecnologias substituíram a câmara de ar e fizeram com que os pneus praticamente não furassem mais. Polímeros de silicone, de 370 a 630 gramas de densidade, permitem que o ciclista possa rodar até 8.000 km sem precisar de manutenção no pneu, o que pode diminuir o número de quedas e consequentemente o risco de lesões.
Já luzes LED colocadas no capacete permitem indicar, a partir de comandos feitos no guidão, para qual direção a bicicleta está indo.
Além de mostrar as inovações no esporte, o Sports Innovation Day também trouxe um debate importante: até que ponto elas conseguem substituir técnicas clássicas?
Dr. Moisés Cohen, médico ortopedista do Hospital Israelita Albert Einstein, alerta que é preciso validar as novas tecnologias para garantir que haja, sim, um ganho real.
“Em algumas situações, a tecnologia ajudou menos que o esperado. Um exemplo claro é na hora de tratar a lesão muscular. A gente não pode deixar as técnicas antigas e consagradas em troca das mais novas com resultados desconhecidos. É preciso usar a tecnologia baseada em evidências”
Dr. Moisés Cohen, médico do Einstein responsável por abrir o Sports Innovation Day
“Em algumas situações, a tecnologia ajudou menos que o esperado. Um exemplo claro é na hora de tratar a lesão muscular. A gente não pode deixar as técnicas antigas e consagradas em troca das mais novas com resultados desconhecidos. É preciso usar a tecnologia baseada em evidências”, diz o médico, que foi o responsável por abrir o Sports Innovation Day.
E se você quiser conferir em quais áreas no esporte é possível criar uma startup e inovar e quais são os avanços mais recentes no setor da medicina esportiva, assista abaixo ao Sports Innovation Day: