Sua encomenda chegou! Conheça a parceria entre a startup Alabia e a farmácia do Einstein
09/05/2024“Com licença, preciso passar”, diz uma voz sintetizada ao mover-se por um dos corredores do Hospital Israelita Albert Einstein. O dono dessa voz tem cerca de 80 centímetros de altura e passa seus dias carregando medicamentos que serão usados no tratamento de pacientes internados na instituição.
Tudo armazenado em seus compartimentos e gavetas, capazes de carregar até 80 kg. Estamos falando de um robô. Uma tecnologia desenvolvida pelo Avançado Laboratório de Inteligência Artificial, conhecido como a startup brasileira Alabia e que se tornou um dos mais novos integrantes da equipe da farmácia do Einstein.
“Nós já buscávamos uma alternativa para gerenciar e automatizar o transporte de medicamentos, de maneira mais rápida e eficiente, reduzindo o tempo de espera para os pacientes e aumentando a produtividade do pessoal”, diz Andrea Vasconcelos Pereira, Coordenadora de Farmácia – Automação Hospitalar, do Einstein
A farmácia é a área responsável pelo armazenamento, controle, preparo e distribuição dos medicamentos por todo hospital. São tarefas que demandam precisão, segurança e monitoramento constantes. Daí a necessidade de automatizar processos.
“Nós já temos robôs em nossas outras tarefas e precisávamos ter também a rastreabilidade do envio dos medicamentos depois que saem da farmácia e vão para os demais andares. As alas de internação do Einstein estão distribuídas por seis blocos. Precisávamos ter um controle maior do que está acontecendo nas entregas, e o robô permite tudo isso”, completa a coordenadora.
Fundada por Paulo Teixeira, a Alabia especializou-se na construção de robôs para diversas tarefas, atuando em setores como saúde, industrial, hoteleiro e logístico.
A tecnologia foi mapeada pela equipe da Eretz.bio, que conta com um time dedicado a identificar soluções inovadoras, tanto no Brasil quanto no mundo, e fazer as conexões e integrações necessárias para colocá-las no dia a dia dos especialistas do Einstein.
No momento, a startup está rodando uma prova de conceito, com dois robôs realizando entregas diárias. Nessa fase, o objetivo é avaliar se a tecnologia atende às necessidades do Einstein e também propor potenciais aprimoramentos ao produto.
COMO FUNCIONA O ROBÔ DA STARTUP ALABIA
Os robôs realizam dez trajetos pelo hospital: a equipe da farmácia coloca em seus compartimentos os medicamentos que serão levados a cinco alas de internação, nas quais os materiais são recebidos pela enfermagem, e depois há os respectivos caminhos de volta.
Não pense que são percursos fáceis. Os autômatos trafegam por corredores pelos quais circulam milhares de pessoas todos os dias, incluindo pacientes, familiares, médicos, equipes assistenciais, entre outros. Além disso, precisam atravessar quatro blocos do hospital, subir até oito andares de elevador e abrir portas cujo acesso é restrito aos funcionários da instituição.
Para superar esses obstáculos entrou a habilidade da Alabia em mapear rotas e programar os robôs para interagir com o ambiente hospitalar.
Os robôs-entregadores, por exemplo, andam sempre pelo meio dos corredores para evitar esbarrar em objetos que tenham sido colocados próximos às paredes. Por internet das coisas (IoT), “conversam” com o elevador, chamando-os ao andar em que estão e indicando para qual precisam ir. Ao entrar, pedem licença aos passageiros e buscam se posicionar nos cantos para facilitar a entrada e saída dos demais ocupantes. No caso das portas, por questões de segurança, os robôs ligam para as recepções das respectivas áreas, que liberam o acesso.
Além disso, são equipados com sensores e câmeras para identificar eventuais obstáculos não previstos em seu deslocamento.
“Pelos robôs, nós temos enviado doses de urgência e pequenos volumes, como comprimidos e algumas dietas”, explica Andrea Vasconcelos Pereira, a coordenadora da farmácia.
“Por questões de segurança, não temos entregado medicamentos controlados nem de alto custo”, acrescenta. Para esses casos e para as alas em que as rotas ainda não foram mapeadas, o serviço segue sendo feito pela equipe de mensageiros.
“Essa tecnologia também nos permite desonerar meu time, já que a tarefa de transporte é repetitiva, monótona e fisicamente cansativa. Assim, os colaboradores podem se dedicar a demandas mais complexas ou a se capacitar para exercer novas funções”, diz.
Desde o início do projeto, o robô da Alabia tem realizado cerca de 4.000 entregas, trabalhando 24 horas por dia, sete dias por semana sem interrupção e incidentes
Paulo Teixeira, o CEO da Alabia, complementa: “Estamos felizes com esta parceria. O feedback do Einstein tem sido essencial para refinarmos nossa tecnologia, enfrentando os desafios de uma instituição de saúde tão complexa.”
Segundo Andrea, a avaliação da tecnologia tem sido bastante positiva. “A princípio tem sido excelente, atendendo a todas as nossas necessidades. Além disso, a equipe de enfermagem gosta muito deles. Teve até uma vez que o robô voltou para cá enfeitado com um laço e em outra trouxe uma lembrancinha que alguém nos enviou”, conta.
Como próximos passos, há a possibilidade de aumentar o número de robôs em atividade no Einstein, assim como o número de alas atendidas.