Parceria Residencial Einstein e startup MedLogic traz visibilidade ao trabalho dos cuidadores e segurança e eficiência no cuidado aos idosos
21/08/2024Quem já foi o responsável por cuidar de um idoso sabe que essa é uma tarefa intensa. É preciso acompanhar a alimentação, idas ao banheiro, banhos, ajudá-lo a se levantar e se deitar, checar se o medicamento foi tomado na hora correta, entre várias outras atividades para garantir o melhor cuidado possível.
Agora, você já imaginou o número total desses afazeres que precisam ser realizados em um residencial de idosos?
“São meio milhão de tarefas por ano”, diz Nivia, R. Pires, gerente da unidade Vila Mariana do Einstein, onde fica o Residencial Israelita Albert Einstein. “Foi chocante para nós descobrir esse volume.”
Para organizar e acompanhar as centenas de milhares de demandas de sua equipe, principalmente dos cuidadores, o Residencial passou a utilizar a ferramenta da MedLogic, startup fundada por Daniel Melo, Edgar Nunes e João Luiz Neves.
A empresa desenvolveu um software para gestão de ILPIs (Instituição de Longa Permanência para Idosos). Ele abrange desde a gestão administrativa ao acompanhamento assistencial dos moradores, em áreas como fisioterapia, fonoaudiologia, terapia ocupacional, nutrição, serviço social e psicologia, entre outras.
A MedLogic já passou pelo ecossistema da Eretz.bio, tendo sido incubada até 2023. Nesse período, a equipe da Eretz apresentou a startup à liderança do Residencial, que logo percebeu as sinergias.
“Quando a Eretz nos mostrou a MedLogic, percebemos que eles falavam a linguagem das ILPIs. Foi um bálsamo para nós. Para a MedLogic, o trabalho do cuidador é o ator principal, assim como para nós também é. Dos nossos mais de 250 funcionários, 100 são cuidadores. Precisávamos de uma ferramenta que fizesse sentido para eles”, diz a gerente do Residencial Einstein.
Também chamou a atenção a disponibilidade da startup de personalizar sua solução para as necessidades específicas do Einstein. “Eles se dispuseram a deixar a ferramenta com a nossa cara”, lembra Carla Alves, coordenadora assistencial do Residencial Israelita Albert Einstein.
“Nisso, surgiram três módulos: um para registro das atividades dos cuidadores, outro para relatórios de acompanhamento e, por último, um dashboard, onde a gente monitora em tempo real se aquelas atividades estão acontecendo”, completa a coordenadora. Foi assim que a equipe do Residencial chegou ao número de meio milhão de atividades por ano.
“Isso nos fez enxergar um trabalho que era praticamente invisível, porque o cuidador trabalhava, trabalhava, trabalhava, e esses dados não eram explorados e analisados. Agora o nosso cuidador se sente muito mais importante com essa visibilidade do trabalho dele”, avalia Nivia.
Hoje, o Residencial está passando por um processo de adaptação à nova ferramenta e à digitalização dos processos. Assim, quando um cuidador auxilia um morador em tarefas como oferecer alimentação ou escovar os dentes já acessa um tablet e faz o registro na plataforma da MedLogic.
Como funciona a parceria entre a MedLogic e o Residencial Einstein
Esses dados não vão ser usados somente no acompanhamento das tarefas. Também serão integrados ao plano de cuidado dos moradores, pois trazem informações importantes sobre sua saúde e seus hábitos.
“Nós sempre quisemos saber, sim, qual é a volumetria das tarefas, mas o principal era que a ferramenta também entregasse algo ao cuidador. Não adianta só dar trabalho para eles. Eles precisavam perceber um ganho, que é ter um plano de cuidados atualizado”, explica Nivia.
Quando um novo morador entra no Residencial, é feito o plano de cuidados, no qual cada profissional da equipe interdisciplinar coloca suas avaliações. Por exemplo, a fonoaudiologia indica como a pessoa deve se alimentar, a fisioterapia indica como o morador deve se movimentar pela casa, assim por diante.
“Antes, esses profissionais avaliavam o recém-chegado, escreviam as recomendações por e-mail para um funcionário administrativo, que juntava tudo, imprimia e levava para o quarto do morador, um processo que poderia levar cerca de 24 horas. Hoje, o próprio profissional entra na ferramenta da MedLogic e preenche o plano de cuidado. Essa informação já fica disponível, e o cuidador consegue acessá-la em tempo real pelo tablet”, diz Carla, a coordenadora do Residencial.
“Isso é segurança”, completa Nivia. “Nós conseguimos levar uma assistência melhor e mais rapidamente ao morador.”
Outro ponto que contribuiu para a decisão de adotar a solução da MedLogic é que a ferramenta se enquadra nas exigências da LGPD. Afinal, o Residencial precisa guardar não só os dados de seus moradores, mas também de parentes, amigos e contatos de emergência, entre outros. Daí a vantagem de ter todas as informações importantes de seus habitantes de maneira segura e em um só lugar.
“Na MedLogic, temos uma tríade composta por compromisso genuíno com a melhor experiência de cuidado, segurança e inovação”, diz Daniel Melo, CEO e cofundador da startup. “Além do profissionalismo, nutrimos uma grande admiração pela equipe do Residencial Israelita Albert Einstein. Como seres humanos, sentimos o respeito pelas pessoas – sejam elas idosos residentes, colaboradores ou parceiros. Também percebermos o compromisso firme em levar cada passo adiante.”
“Visitamos em conjunto algumas instituições de referência no cuidado de idosos aqui no Reino Unido, onde resido há pouco mais de dois anos. Concluímos essas visitas orgulhosos ao perceber que o Residencial do Einstein estaria, seguramente, ranqueado dentre as referências mundiais em cuidados para a pessoa idosa”, completa.
A PARCERIA ENTRE O RESIDENCIAL EINSTEIN E A ERETZ.BIO
O Residencial tem uma curiosidade que foi inaugurado antes mesmo do próprio Einstein.
Criado pela comunidade judaica, o local abriu as portas em 1937, no contexto da guerra, para receber imigrantes judeus do mundo todo. Como muitos deles já tinham idade mais avançada, surgiu a necessidade de haver um local que pudesse acolhê-los.
Começou em um sobrado, no bairro da Vila Mariana, em São Paulo, e hoje ocupa o equivalente a 27 lotes desses prédios. É um terreno de 13 mil m², com 21 mil m² de área construída. Atualmente conta com 120 moradores e tem capacidade para até 140.
Passou a ser administrado pelo do Einstein há 22 anos. Hoje, a Unidade Vila Mariana do Einstein também conta com atendimento aos pacientes, turmas de graduação do Ensino e é uma das sedes da Eretz.bio.
Essa proximidade física — são menos de 150 passos entre a porta da Eretz e a entrada do Residencial — permite que muitas inovações para o público idoso possam ser testadas na prática. “Quando a Eretz veio nos procurar, para nós, tudo era muito disruptivo. Eu ficava imaginando como ia ser essa união. Mas o que vimos foi uma boa sinergia”, recorda Nivia.
“Uma vez, trouxeram um smartwatch que prometia localizar onde cada morador estava. Um dia, o aplicativo mostrava que um senhor estava no quarto dele. Aí eu olhei pela janela e vi esse senhor passando na frente do meu escritório. Descobrimos que o dispositivo ficava na gaveta, e essa tecnologia não fazia sentido para os moradores daqui”, acrescenta a gerente.
“Outra vez, uma startup trouxe algumas embalagens de medicamentos para os moradores avaliarem. E eles são muito críticos. Falam o que acham. Disseram que a letra era muito pequena, que a embalagem era difícil de abrir e que precisava de uma tesoura. E isso é importante porque eles se sentem valorizados ao poder compartilhar seus conhecimentos e suas percepções para aperfeiçoar as novas tecnologias que estão surgindo.”