Descubra as lições de Israel sobre o futuro da saúde e novas oportunidades de negócio
12/07/2022Quais lições executivos, médicos, administradores hospitalares, empreendedores e demais profissionais podem aprender com Israel?
O país de menos de 10 milhões de habitantes é uma potência mundial quando o assunto é inovação e novas tecnologias. Em fazer mais com menos recursos.
Segundo dados da Israel Innovation Authority, o ecossistema de inovação equivale a cerca de 15% do PIB do país. Além disso, registra uma startup a cada 1.400 habitantes. Por lá, surgiram empresas que rapidamente ganharam o mundo, como Waze, eToro e Monday.com.
Para mostrar como o país se tornou a chamada Nação das Startups, de 18 a 25 de novembro vai acontecer a expedição The Future of Healthcare – Israel Executive Immersion Program, desenhada especialmente para o Ensino Einstein, com o objetivo de inspirar executivos a levar suas empresas ao próximo passo do crescimento e também de desenvolver oportunidades de negócios e parcerias.
“O grande ganho dessa imersão é conferir de perto como um país tão pequeno fez coisas tão grandes. É inspirador. Dá para tirar lições valiosas para sua trajetória”, é o que diz Marco Faldini, associate partner na Ibi-Tech, empresa especializada em conectar o mercado brasileiro ao ambiente empreendedor de Israel e que atua na organização da imersão Einstein. Confira abaixo a entrevista com ele:
ERETZ.BIO: Como Israel se tornou a Nação das Startups? O que levou o país a apostar tanto — e tão cedo — em inovação?
Marco Faldini: Israel é um país de poucos recursos naturais. Seu grande recurso são os cérebros. Além disso, há algumas décadas, assim como houve com o Brasil, passou por um período complicado economicamente. Isso significou uma grande necessidade de reformas econômicas e captação de investimento. Aí surgiu a oportunidade de investir em empresas que, sem sair do país, pudessem fazer sistemas com capacidade de atingir o mundo inteiro.
Também tem uma questão militar que favorece o mercado de inovação. Todos os jovens israelenses são obrigados a fazer o serviço militar. Isso significa que em poucos anos eles são capacitados a tomar decisões mesmo sob intensa pressão e estão treinados na tecnologia militar, que costuma ser mais avançada que a civil. Essas são habilidades que casam muito bem com as necessidades das startups.
Como que corporações, startups e governo estão organizados em Israel para que empresas de tecnologia sejam capazes de representar uma parcela tão significativa do PIB (cerca de 15%)?
MF: Como eu falei na questão anterior, o aparato militar é condição base para que o ecossistema de inovação seja forte, mas não é a única. Israel nunca teve muita indústria, e o governo percebeu que precisava dar um objetivo aos cérebros do país, por isso permitiu a chegada de fundos de Venture Capital do mundo todo. Aí juntou-se o governo fomentando, com a academia gerando talentos, com os fundos de VC (a iniciativa privada investindo) e a experiência militar e uma famosa ousadia israelense.
Ver como tudo isso funciona na prática é o início da nossa imersão. Assim que os participantes desembarcam, a primeira atividade é uma aula magna sobre como o ecossistema de inovação está estruturado a partir desses três pilares: academia, governo e iniciativa privada. Depois, passamos a semana visitando esses lugares. Vamos mostrar, por exemplo, que a Intel fica ao lado do Technion, uma das melhores universidades do país, e isso não é por acaso. No fim da expedição, fazemos uma reunião de fechamento, retomando essa questão dos pilares e complementando com o que foi visto para que a pessoa saia da imersão sem nenhuma dúvida.
Muitos dos softwares e apps bastante conhecidos surgiram em Israel, como Waze, Wix e Monday.com. Por que parece ser tão fácil para as empresas do país se internacionalizarem?
MF: Isso é outro ponto que vamos ver na expedição. Israel tem apenas 10 milhões de habitantes. É menos que a cidade de São Paulo. Ou seja, o mercado interno é muito pequeno, e são relativamente poucas as pessoas no mundo, fora do país, que falam hebraico. As startups já nascem com foco internacional.
Israel é um país muito jovem. Até 1948, nem sequer existia. Desde então, veio gente de tudo o que é país. Tem brasileiros, americanos, franceses, russos, ucranianos, sul-africanos etc. É um caldeirão de cultura. Nas empresas de tecnologia também é assim. Há colaboradores de diversos países, que tendem a conhecer as demandas de seus locais de origem, falam a língua e sabem como entrar nesses mercados. Isso ajuda na internacionalização. Daí você mistura esse caldeirão cultural, a formação dos jovens em Israel, essa tendência de olhar para a fora, o mercado interno pequeno e o interesse de fundos de Venture Capital e você tem essa plataforma de internacionalização. É muito diferente do Brasil, onde a maioria das startups nasce olhando para um mercado interno de mais de 200 milhões de habitantes.
Você comentou sobre a imersão The Future of Healthcare, que vai acontecer agora em novembro. Além da aula magna para entender o ecossistema de Israel, quais outras atividades da expedição você destaca?
MF: Em primeiro lugar, os empreendedores brasileiros ficam deslumbrados quando desembarcam para a imersão com o impacto que o ecossistema de inovação tem na economia do país. Nesse quesito, descobrem que podem fazer mais.
Mas nossa iniciativa também é para médicos, administradores hospitalares, executivos, etc. Vamosi visitar hospitais, empresas que apostam na disrupção, que quebram barreiras na telemedicina. Hoje, já é possível fazer um exame completo à distância, cirurgias remotas, impressão 3D de coração (em tamanho diminuto) etc.
Vamos conhecer alguns hospitais de excelência em inovação, tratamento e flexibilidade. Em um deles, o estacionamento coberto vira um hospital de campanha em apenas algumas horas. É uma estrutura que foi pensada em caso de conflito e que foi usada para enfrentar a COVID-19. Não é à toa que Israel foi um destaque mundial durante a pandemia. Vamos ver muito do que foi usado para combater a doença e por que o país foi considerado um dos melhores lugares do mundo para se estar durante os picos da pandemia.
Nos feedbacks da imersão, muita gente fala que é a melhor viagem profissional que fez, mesmo já tendo ido ao Vale do Silício. Na expedição, a gente tem uma base principal, em Tel Aviv, e também vamos conhecer outras localidades. Esse diferencial de Israel de misturar um ecossistema pulsante de inovação com localizações históricas e espirituais, como a cidade velha de Jerusalém, na qual o Muro das Lamentações está construído há mais de 2.000 anos, faz o destino ser altamente procurado.
Além dessas visitas oficiais, na expedição há espaço para networking entre os participantes ou então com empresas que eles mesmos escolhem conhecer melhor?
MF: Com isso, o pessoal não precisa se preocupar. Na nossa programação, de noite, tem eventos de relacionamento. Também deixamos algumas noites livres, porque é natural alguns grupos quererem se encontrar, porque um prefere comida mediterrânea, outro, japonesa, árabe etc. A vida noturna em Israel também é muito segura e agradável, o que facilita esses momentos. Por exemplo, vamos curtir a noite em Jerusalém. Muita gente acha que é uma cidade somente espiritual, mas é um local que também tem uma vida noturna bastante rica. Então, tem, sim, muita interação. Pode gerar muitas colaborações duradouras. Tem grupos que se conheceram em imersões realizadas há três, quatro anos e que até hoje se falam e buscam oportunidades.
E você pode contar para a gente algum case dessas parcerias que foram firmadas durante a expedição?
MF: Tem alguns exemplos, sim, que eu posso contar. Antes da pandemia, a gente recebeu uma delegação de executivos brasileiros, sendo que um deles trabalhava em uma empresa de mineração. Eles tinham um problema seríssimo de estimar estoque, porque estamos falando de montanhas e montanhas enormes de areia, de minério. Na imersão, foram a uma empresa de drones autônomos, que usava os drones justamente para calcular a capacidade de estoque dessas montanhas. A pessoa dessa empresa de mineração gostou da solução e, quando voltou ao Brasil, contratou o serviço dos drones, o que teve um resultado financeiro muito positivo e aumento na produtividade. Outro episódio aconteceu em uma expedição um pouco menor. Eram alguns executivos de outra empresa.A presentamos a eles uma companhia que melhorava a condição calórica dos alimentos que produziam. Gostaram tanto que acabaram adquirindo a startup. Na imersão, há muitas oportunidades de geração de negócio, como um acordo de cooperação, investimento ou então de ser o representante oficial de uma empresa israelense no Brasil. Espero que o pessoal que leia esta entrevista decida vir conhecer Israel!
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Para mais informações sobre a expedição The Future of Healthcare – Israel Executive Immersion Program e para fazer sua inscrição acesse o link abaixo: https://ensino.einstein.br/expedicao_-the_future_of_healthcare-_isra_p2954/p