Nova tecnologia utiliza Inteligência Artificial para acompanhamento e monitorização de esclerose múltipla
05/02/2024Uma nova tecnologia de Inteligência Artificial, incorporada pelo Departamento de Imagem do Einstein, tem o potencial de inovar o acompanhamento de pacientes com esclerose múltipla e outras doenças desmielinizantes.
Trata-se da SyntheticMR, uma startup que desenvolveu uma IA para ressonância magnética quantitativa, capaz de gerar mapas de mielina, relatórios neurológicos quantitativos e mapeamento paramétrico, a partir de uma única aquisição que demora apenas cinco minutos.
Essa solução foi incorporada a partir de uma parceria com a Eretz.bio, que coordenou as conexões entre a startup e os setores do Einstein para viabilizar a adoção da tecnologia. Desde então, já foram mais de 1.200 exames realizados com o suporte da ferramenta.
“É algo revolucionário para o cenário da esclerose múltipla. Com essa solução, passamos de uma avaliação visual e subjetiva do médico radiologista para um dado quantificado por software e Inteligência Artificial”, explicam o Dr. Benjamim Wolf Handfas, a Dra. Renata Bertanha e o Dr. Rodrigo Barbosa Thomaz, do Departamento de Imagem do Einstein.
A mielina cerebral é uma camada protetora de membrana que cobre os axônios, região dos neurônios responsáveis pela proteção e transmissão de sinais nervosos.
No caso das doenças desmielinizantes, há uma destruição da membrana, refletindo em uma redução da densidade de mielina, o que compromete o funcionamento dos neurônios. Daí a importância da solução da startup, que fornece dados quantitativos sobre a mielina cerebral, facilitando o acompanhamento de doenças relacionadas a ela.
Na entrevista abaixo, os dois médicos explicam as vantagens da solução da SyntheticMR e como a ferramenta funciona na prática. Confira:
ERETZ.BIO: Em quais situações é indicado rodar o software da SyntheticMR? É apenas para casos suspeitos de esclerose múltipla?
Dr. Benjamim Wolf Handfas, Dra. Renata Bertanha e Dr. Rodrigo Barbosa Thomaz: A SyntheticMR é uma ótima ferramenta para o acompanhamento do tratamento e evolução da esclerose múltipla, além de ser extremamente útil para avaliar lesões ocultas do trauma cranioencefálico (lesão axonal difusa), na microangiopatia (pequenas isquemias que podem levar à demência vascular), alterações estruturais nos quadros de epilepsia, entre outros.
Esse software aumenta a sensibilidade e a eficiência na detecção de lesões no cérebro, identifica danos estruturais inaparentes ou “invisíveis” aos olhos do radiologista e quantifica e documenta com maior precisão o comprometimento encefálico determinado pela doença em cada paciente.
Qual é a vantagem que a ferramenta da SyntheticMR traz a partir da Inteligência Artificial em relação ao modelo que era feito anteriormente?
Dr. Benjamim, Dra. Renata e Dr. Rodrigo: O mapa de mielina gerado pela Synthetic é algo revolucionário para o cenário da esclerose múltipla. Com ele, passamos de uma avaliação visual e subjetiva do médico radiologista para um dado quantificado por software e Inteligência Artificial, conferindo maior sensibilidade, assertividade e consistência para os dados.
Além de trazer essa maior precisão no diagnóstico, há outras vantagens para o paciente?
Dr. Benjamim, Dra. Renata e Dr. Rodrigo: Sim. A ferramenta permite monitorar o paciente ao longo do tempo através de exames evolutivos, e com isso o médico poderá avaliar de maneira mais objetiva a eficácia do tratamento.
E como a ferramenta funciona na prática? Roda automaticamente em todos os exames de imagem?
Dr. Benjamim, Dra. Renata e Dr. Rodrigo: Durante um exame de rotina de ressonância magnética, a ferramenta ativa uma sequência multiparamétrica, que demora apenas cinco minutos. Ela é capaz de gerar até 12 sequências diferentes, além de entregar um mapa com o volume do líquor, substância branca, substância cinzenta e o mapa de mielina, assim como um gráfico com esses dados comparando o paciente com pessoas saudáveis da mesma idade e mesmo sexo.
Todas essas sequências e mapas, assim como os gráficos gerados pelo software e Inteligência Artificial, são exportados automaticamente para o sistema de armazenamento de imagens (PACS), e tanto o radiologista quanto o médico assistente, além do paciente, têm acesso a todo esse conteúdo.
Como os Drs. conheceram a SyntheticMR?
Dr. Benjamim, Dra. Renata e Dr. Rodrigo As sequências de ressonância magnética que permitem obter as “imagens sintéticas” (patente da SyntheticMR) já estavam instaladas e disponíveis em um dos nossos equipamentos. Isso viabilizou o acordo para aquisição e incorporação do software de processamento dessas imagens, em um processo conduzido pelo Dr. Fábio Dalprá, também do Departamento de Imagem.
A Eretz.bio tem uma equipe cujo objetivo é justamente facilitar a incorporação de soluções inovadoras pelas áreas internas do hospital, como a SyntheticMR. Trata-se do Escritório de Validação de Novas Tecnologias.
Essa área faz a conexão entre os profissionais que atuam no cuidado do paciente, a startup e os setores responsáveis do Einstein em pontos como LGPD, segurança da informação e sigilo e privacidade dos pacientes, entre outras.
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