Você já ouviu falar em femtech? Esse é o nome dado a startups que desenvolvem soluções capazes de contribuir com a melhora na saúde da mulher. Atuam principalmente no suporte ao ciclo menstrual, saúde reprodutiva, saúde mental e bem-estar. Mas seu campo de ação é complexo e envolve diferentes áreas.
As femtechs ganharam força nos últimos anos dentro de um contexto de empoderamento das mulheres, o que significou também maior controle do que acontece com o próprio corpo e usando as mais novas tecnologias disponíveis para isso.
Segundo um estudo publicado pela consultoria americana Frost & Sullivan, localizada no Vale do Silício, o mercado de femtechs vai movimentar cerca de US$ 50 bilhões em 2025. E olha que essa estimativa foi feita antes da pandemia da COVID-19, que teve como uma de suas consequências avanços tecnológicos nas mais variadas áreas.
Mas não será preciso esperar até 2025 para ver as mudanças provocadas por essas novas tecnologias. Soluções que usam Inteligência Artificial, machine learning, big data e internet das coisas já chegaram e estão ganhando cada vez mais adeptas.
Abaixo, você confere três novas tendências quando o assunto é a saúde da mulher e o que podemos esperar delas:
TELEMEDICINA
A prática da telemedicina foi enfim regulamentada no Brasil, em abril de 2020, como uma consequência do distanciamento social imposto pela pandemia da COVID-19 e como uma forma de assegurar os cuidados com a saúde nesse período.
Nos primeiros meses do enfrentamento à COVID-19, uma das preocupações era justamente que as pacientes mantivessem o acompanhamento médico, como na gravidez, por exemplo, mesmo durante o isolamento social. Daí a telemedicina veio como parte da solução.
“A telemedicina trouxe inúmeras vantagens para o médico e para o paciente. Porém, é preciso pensar na questão do acesso à rede de internet e a serviços de saúde disponíveis”, diz a Dra. Roberta Bocchi, ginecologista do Hospital Israelita Albert Einstein.
“Evita perder tempo no deslocamento à consulta e também diminui a circulação das pessoas pelas cidades nesta época da pandemia. A desvantagem é que perde um pouco de contato pessoal, de estar mais próximo do paciente. Além disso, não é possível fazer o exame físico por telemedicina, então o médico deverá avaliar caso a caso a necessidade de complementar com a consulta presencial”, acrescenta.
APLICATIVOS
As tabelinhas feitas para calcular o ciclo menstrual evoluíram e se tornaram aplicativos que apontam em qual dia a mulher deverá estar no período fértil e quando a próxima menstruação deverá acontecer, além de fazer um acompanhamento da frequência do ciclo menstrual.
Mais do que isso, hoje há uma infinidade de apps disponíveis, que vão desde sugestão de treinos físicos a monitoramento do sono.
Essa profusão de aplicativos trouxe um novo desafio: como garantir quais são as ferramentas cientificamente validadas e que entregam o que promete?
“Muitas vezes a pessoa pergunta qual app é indicado pelo médico”, lembra Bocchi “Já cheguei a abrir aplicativos para checar com a paciente se o conteúdo estava correto”.
“Costumo dizer que a menstruação é um dos espelhos da saúde feminina. Oriento que as mulheres tenham o hábito de anotar seu ciclo menstrual, e alguns apps são ótimos para isso. Eles auxiliam também as mulheres que desejam engravidar, pois mostram qual o período fértil naquele mês. Para as gestantes, há aplicativos que orientam os cuidados durante a gravidez. E alguns são muito interessantes. Fazem uma comparação dizendo, por exemplo, que ‘o bebê está do tamanho de um abacate’. Trazem uma alegria para a mulher e também é uma forma de ela entender o que está acontecendo em seu corpo”, completa.
WEARABLES
Para muitas pessoas, os smartwatches já fazem parte da rotina, mas representam um entre vários dispositivos vestíveis, os chamados wearables.
“Os wearables trazem vantagens principalmente na questão de bem-estar, manutenção do peso e incentivo à atividade física. Sempre falo que, além de ginecologista, sou a ‘clínica geral’ da mulher, pois cuido de todos esses aspectos também”, diz a médica do Einstein.
“Temos benefícios enormes com os dispositivos. São ótimas ferramentas de apoio, de incentivo. Mas acredito que a solução também está dentro da gente. Não é o relógio ou o app que vai fazer a pessoa emagrecer ou ter mais saúde, mas são ferramentas muito importantes e que contribuem para que se chegue ao objetivo”, avalia
LIMITES DA TECNOLOGIA NA SAÚDE DA MULHER
“Sinto falta de ferramentas mais abrangentes em saúde da mulher”, diz a Dra. Roberta Bocchi. “Quando a gente fala de mulher, vem à cabeça gravidez e menstruação, mas sabemos que a saúde da mulher é muito mais do que isso. As mulheres estão vivendo mais e estão cada vez mais empoderadas e informadas. Temos muitos outros fatores a serem considerados como menopausa, vida sexual, libido, qualidade de vida, lado emocional.”, completa.
A médica diz que, apesar do número cada vez maior de aplicativos lançados, faltam aqueles que são direcionados para outras necessidades da mulher. “A gente ainda fala pouco sobre direitos e autonomia da mulher, da violência doméstica, feminicídios, dupla jornada, o papel da mulher no mercado de trabalho, preconceito e igualdade de gênero, e a tecnologia poderia contribuir com isso”, avalia.
A saúde da mulher e como a inovação está transformando esse setor serão tema de eventos da Eretz.bio neste ano. Confira a nossa agenda, onde a divulgação será feita: https://www.eretz.bio/eventos/