Do impacto da Inteligência Artificial ao bem-estar na saúde: como foi o Einstein Frontiers 2023

20/06/2023 Do impacto da Inteligência Artificial ao bem-estar na saúde: como foi o Einstein Frontiers 2023

De qual forma a Inteligência Artificial poderá impactar o setor da saúde? Esse foi o tema que tomou conta do Einstein Frontiers, um dos principais eventos do país sobre inovação e novas tecnologias na área da saúde, organizado de 31 de maio a 02 de junho pelas diretorias de Inovação, Big Data e Rede Cirúrgica do Einstein.

Ao longo dos três dias, o Frontiers recebeu mais de 500 inscritos para cerca de 24 horas de programação com 48 palestrantes nacionais e internacionais.

E, como não poderia deixar de ser, a Inteligência Artificial teve um papel central nas discussões. Essa nova tecnologia já vinha sendo aplicada no setor nos últimos anos e ganhou ainda mais destaque no fim de 2022 com o lançamento do ChatGPT, uma ferramenta generativa, capaz de criar textos, códigos e outros tipos de conteúdo para os usuários.

No painel “Como a IA está transformando a saúde”, Alexandre Ferreira da Rocha, da Microsoft, explicou que essa inovação tem o potencial de, por exemplo, extrair os dados de saúde do paciente de diferentes fontes e fazer um pequeno resumo em texto para que o médico leia antes da consulta, trazendo informações como doenças crônicas, exames e tratamentos.

Já as empresas Nuralogix e Janitri, representadas, respectivamente, por Valerie Lasry e por Arun Agarwal, apresentaram outras aplicações para a IA. A primeira desenvolve um software que usa essa tecnologia para analisar os sinais vitais dos participantes a partir da câmera de um smartphone, enquanto a segunda, para o monitoramento em tempo real de gestantes.

Na sequência, a mesa “O papel da Inovação para uma Saúde mais Igualitária” , com Claudine Joseph, program manager do Diversity by Doing HealthTech, trouxe alguns alertas sobre a IA. O primeiro, levantado por Patricia Ellen da Silva, é a falta de diversidade tanto nos dados usados para treinar os algoritmos quanto nas equipes de tecnologia, o que pode causar imprecisões em diagnósticos, por exemplo.

Outro veio de Layla Vallias. “Os produteiros costumam falar que o app que estão desenvolvendo é tão fácil que uma criança de 5 anos pode usar. Quando vão dizer que também são fáceis para uma pessoa de 80 anos?”, disse a empreendedora, lembrando da necessidade de pensar na população que está envelhecendo e pode acabar excluída.

O tema da Inteligência Artificial voltou no início do segundo dia de evento, quando os advogados Ricardo Campos, Rony Vainzof e Rogéria Leoni Cruz, diretora jurídica do Einstein, debateram se essa nova tecnologia precisa ser regulada.

Eles concordaram que, sim, a IA precisa ser regulada, mas questionaram de que forma isso será feito. Para isso, apresentaram a oposição entre o modelo europeu, que tende a ser mais restritivo, e o americano, conhecido por dar mais espaço para o desenvolvimento dos produtos e que tornou o país um exportador mundial de inovação. Acrescentaram, ainda, que, no Brasil, seria importante a participação dos próprios players do setor de saúde para mostrar quais pontos precisam ser regulados para assegurar a segurança no uso dessas ferramentas ao mesmo tempo em que não se limite a inovação na área médica.

Por fim, Nilson Malta e Claudia Laselva, diretora de práticas assistenciais do Einstein, trouxeram como algoritmos, automações e Inteligência Artificial já são aplicadas para evitar eventos adversos na jornada do paciente cirúrgico e no controle logístico e de insumos do hospital.

Se boa parte dos painéis e dos debates do Einstein Frontiers foram sobre a IA, também houve espaço para outras inovações:

OPEN HEALTH

Nos painéis sobre Big Data, Felipe Ferré, consultor do Ministério da Saúde, explicou os desafios de implantar o Open Health no Brasil, principalmente por causa da dificuldade com a interoperabilidade de dados. Já a pesquisadora Juliana Bowles trouxe o conceito de “digital twin”, isto é, a representação digital de algo que existe no mundo real, e de qual maneira isso pode incentivar o intercâmbio de dados.

METAVERSO

Em uma das palestras mais aguardadas do Einstein Frontiers, Sam Glassenberg, CEO da Level X, empresa especializada em desenvolver games para treinamento médico, tratou de desmistificar o metaverso. 

Para ele, o futuro dessa aplicação nada tem a ver com colocar um óculos de realidade virtual para participar de festa ou reunião online. Glassenberg disse que o metaverso será para aplicações voltadas ao treinamento de profissionais especializados, como é o caso de médicos. 

“Você tem no seu bolso uma ferramenta muito mais poderosa que qualquer computador dos anos 1990 — o seu smartphone. Podemos usá-lo ao máximo para educar as equipes de saúde”, declarou.

BEM-ESTAR

Enquanto a maior parte da programação do Frontiers abordou o digital, a palestra de encerramento contou com Isaac Safdie e Jose Bofill, arquitetos que trabalharam no projeto e na construção do Centro de Ensino e Pesquisa do Einstein. Trata-se de uma obra com teto de vidro abobado, inaugurada em 2022 e que reúne salas de aula e laboratórios de pesquisa da instituição.

“Por fora, o CEP altera a paisagem do Morumbi. Por dentro, você tem uma sensação de ‘uau’ e de acolhimento, propícia à troca de conhecimento e à inovação”, disse Safdie.

Pensar na integração com a natureza tem sido uma nova tendência na arquitetura da área da saúde, com o objetivo de aumentar a sensação de bem-estar e de acolhimento de pacientes, acompanhantes e equipes envolvidas na rotina da assistência, que pode ser desgastante.

O evento ainda contou com a presença dos médicos Kelvin Lau e Nam Vo, duas das maiores referências em cirurgia do mundo, que apresentaram novas técnicas que estão utilizando, inclusive com o apoio da robótica.

Já as startups incubadas no Programa Einstein de Inovação em Biotecnologia puderam fazer um pitch durante a programação, mostrando as soluções que estão desenvolvendo e a evolução que tiveram ao longo dos últimos meses, nos quais foram acompanhadas pela nossa equipe da Eretz.bio.

Por fim, a nova geração de inovadores no setor da saúde subiu ao palco do Einstein Frontiers para a banca final de avaliação do Techthon Einstein, que premiou a equipe Respirar Tech como vencedora.