Natalia Bittencourt tinha, como toda esportista, defender a seleção brasileira como um de seus sonhos quando começou a jogar vôlei. Hoje, ela pode dizer que chegou lá. Só que foi atuando como fisioterapeuta, área que resolveu seguir assim que abandonou a carreira de atleta devido a uma grave lesão e que também deu início ao seu caminho como empreendedora.
Tudo começou quando ela ainda era criança. “Minha mãe me colocou no balé, mas eu detestei. Aí fui para o vôlei e comecei a me destacar. Fui capitã da equipe. Depois, em 1995, me mudei para São Paulo e fui jogar no clube Pinheiros”, lembra.
Mas sua trajetória no esporte foi interrompida quando sofreu uma grave lesão de ligamento cruzado anterior. “É uma das mais severas. Leva quase nove meses para voltar a jogar. Como estava na época de vestibular, fui estudar. Já sabia que não ia ser uma superatleta. Tinha 1,70m de altura. Para os padrões do vôlei, eu era baixinha”, diz.
Bittencourt costuma dizer que desde o primeiro momento em que entrou em uma sala de aula da UFMG já sabia que seu foco era a fisioterapia esportiva. E ela logo foi chamada para um estágio no Minas, um dos clubes mais tradicionais de BH. “O fisioterapeuta dessa área também atuava nas categorias de base da seleção brasileira de vôlei. Fui estagiária dele e depois fiquei quatro anos na seleção. Foi a realização de um sonho”, lembra.
Se, de um lado, a oportunidade na seleção significava ter alcançado um de seus objetivos, do outro, a vida acadêmica não parou. “No Minas, diziam que eu era muito acadêmica. Já na universidade falavam que eu era muito clínica. Viviam me colocando ‘labels’, mas foi por eu mesclar esses dois campos que consegui ter um diferencial na minha carreira. Bittencourt também começou a dar aulas na pós-graduação, momento em que seu lado empreendedor deu as caras. Em uma das aulas, levava planilhas que seus alunos preenchiam com dados como assimetrias e déficit de força ao fazer a avaliação dos pacientes.
Um aluno sugeriu que ela pegasse essas planilhas e transformasse em um aplicativo. Bittencourt gostou da ideia e visitou a incubadora de empresas da UFMG para ver como o empreendedorismo se dava na prática. Lá, percebeu que tinha, sim, o potencial de criar uma ferramenta inovadora e disruptiva.
Anos mais tarde, se juntou à amiga Luciana Mendonça e colocou em prática a ideia do aplicativo. “Meu pai me incentivou bastante. E o irmão de uma amiga era programador e disse que iria cobrar um preço menor para criar o app para mim. Nisso, eu logo tive meus primeiros investidores, que eram família e amigos”, recorda.
Hoje o Phast, como o aplicativo foi chamado, entrega relatórios automatizados do perfil de risco de cada esportista, orientando o trabalho dos fisioterapeutas. O app também oferece conteúdos digitais. Com ele, foram feitas 12 mil avaliações, tem 400 clientes e já foi usado nas categorias de base do Palmeiras, do Atlético Mineiro e em seleções brasileiras.
“O grande benefício do Phast na medicina esportiva é a eficiência. Do ponto de vista de carga de trabalho, a cada paciente atendido, é uma hora economizada, porque o relatório já é feito automatizado”, explica.
E desde agosto de 2020, a Phast é uma das startups incubadas na Eretz.bio, ecossistema de inovação do Hospital Israelita Albert Einstein. Natalia Bittencourt e o Phast vão participar no dia 9 de dezembro do Sports Innovation Day, evento online e gratuito, com alguns dos maiores especialistas da área, sobre como a tecnologia está transformando a medicina esportiva.
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